18.8.15

Gerês e o Norte IV

No Gerês existem 14 trilhos pedestres aprovados. São trilhos sinalizados e que permitem conhecer o Gerês "por dentro".
O Carlos falou no 14º trilho, que por acaso até era "obra" sua e ele próprio tinha feito as marcações. O percurso tem, penso que, 13 km, mas comentou ele que os quilómetros iniciais até à Cascata do Arado são os mais bonitos.
Ora este trilho tem início ali mesma na aldeia da ERMIDA.
E eu penso com os meus botões "então e se eu fizesse estes quilómetros iniciais e depois o resto da malta apanhava-me na cascata do Arado?"
Os miúdos não conseguiam andar tanto, o pai também não fazia questão de ir, por isso certifiquei-me com o Carlos que a coisa era minimamente segura para fazer sozinha e lá fui eu.
Por acaso hoje de manhã vi uma noticia na TV a alertar para as 30 pessoas que já se perderam este no Gerês nestes trilhos. Por outro lado quando me fui embora, a irmã do Carlos solta um "ah sempre vais? eh valente!!"
Fiquei com a sensação que não deve haver muita gente a fazer este trilho sozinho...e raparigas então...deve ser mesmo só a irmã do Carlos...e eu :).
Soltei um "se não aparecer daqui a 8h vão à minha procura sff" e fiz-me à estrada. Quer dizer...fiz-me ao caminho, que aquilo de estrada não tinha nada.

No total foram 3km e 45 minutos. Pareceu o dobro de distância mas até passou rápido. No fim quis eu que houvesse mais!
No início é duro porque é muito a subir. Sorte a minha que a manhã estava nebulada senão tinha assado! Ao fim de cada subida arfava que nem uma louca. Como nesse dia começavam as festas da aldeia durante o 1º km ainda fui ouvindo os sons das músicas pimbas que animavam o dia, mas depois disso...caiu o silêncio e fiquei absolutamente isolada no meio da montanha.
 É assustador estar ali sozinha? Sim, é um bocadinho. Até acompanhada é capaz de ser, até porque sempre que passam uns largos metros sem ver nenhuma sinalização fico sempre a pensar que já estou perdida, mas pouco depois sou salva pelas marcações nas rochas que me dizem que estou no bom caminho.
As paisagens são avassaladoras, o trilho é muito bonito mas o que vale mesma nesta experiência é o isolamento que temos do mundo e da sensação de friozinho na barriga que se tem por um lado mas por outro sentimo-nos invencíveis, livres e felizes.

Não sei se isto é comum a muita gente, mas uma pessoa está sempre rodeada de pessoas, barulho, sons, emoções e a mim, sabe-me pela vida os momentos que me permitem pensar que agora sou só eu. Só estou eu e mais ninguém. Que a existência de outras pessoas é uma coisa longínqua. Não tenho espirito de ermita, mas de vez em quando sabe bem este sentimento de bolha.

Soube a pouco :). Numa próxima faço um trilho inteiro. Mas com companhia porque também é bom partilhar!

As minhas companhias de férias apanharam-me perto da Cascata do Arado e chegámos lá de carro. Estava sequinha :(. Daqui fomos ver o miradouro da Pedra Bela. Só que o céu ainda não tinha aberto e basicamente estávamos acima das nuvens. Não se via nada!

Voltámos ao camping, fizemos malas, despedimos do Carlos e Cª, saímos já com saudades e tentámos outra vez o miradouro. Toda a área que circunda o miradouro é lindíssima e a vista de cortar a respiração! Tudo verde, fresco, natural.

Saímos do Gerês de lagriminha no olho (foi mesmo bom) e para a última noite nortenha ficámos em Vila Verde.

Selfies pelo caminho


 
Teia de aranha? Orvalho? Não faço ideia...
 
Mas é fascinante não é?


 
Cores...imagino isto no Outono

Vista da Pedra Bela










Sem comentários:

Enviar um comentário