14.5.20

Não ia a lado nenhum

Ter um blog que se chama "Onde é que eu ia?" em tempos de Covid ,é espetacular, porque só dá mesmo para dizer que basicamente não vou a lado nenhum e portanto não tenho rigorosamente nada para dizer sobre o tipo de conteúdos que debito aqui: viagens, passeios, sítios bons para ir comer fora.

Daí isto estar morto desde o ano passado. "Ah mas isto do Covid só começou em março". Certíssimo e quem me segue pelo instagram bem viu que me fartei de laurear a pevide em janeiro e fevereiro. Por coisas de trabalho, andei por todos os recantos deste nosso Portugal, exceção à Região Autónoma da Madeira, mas de resto foi de norte a sul e ilhas. Non Stop. Por ser a trabalho, a coisa mais viajante que resultou daqui foi um álbum fotográfico de placas de localização. Ide ao instragram espreitar.
De novo, onde aproveitei para conhecer um pouquinho, foi a Ilha Terceira, que obviamente abisma com a beleza natural, mas não me sinto no direito de opinar muito mais, porque não passou de um passeio de pouco mais de 3h.

Posto isto, os imensos planos que tinha para este ano, para compensar as não viagens de 2019, meio que foram pelo cano. Eu estava sedenta de andar por aí a desbravar mundo, mas em calhando...não vai acontecer grande coisa e se acontecer vai ser muito pouco programada/antecipada.

Fora isto, o meu confinamento roça ali o banal: fiz uma vez pão (ao fim de quarenta e tal dias verguei a mola) e fiz também queijo. Faço exercício quase todos os dias, por oposto à minha rotina em que passavam semanas sem por o rabo no ginásio. Estou solidária com eles e continuo a pagar, mesmo com aquilo fechado. Também se já pagava sem lá ir...
Já cozinhei mais nestes dias que nos últimos três anos (até arriscava cinco, mas pronto).
Gostava de ter tido pelo menos uma semana de "ohhhh não tenho nada para fazer e entretive-me a arrumar gavetas, a fazer bricolage e massa mãe".
Entrei no Tik Tok onde me entretive cerca de 2 dias. Hoje em dia entro lá e entretenho-me a ver durante 2 minutos.
Ando cheia de dores nas ancas, que já estava a começar a ter, mas passo tanto tempo sentada na cadeira à secretária, que mesmo com o exercício que faço, o meu corpo claramente diz que estou a mexer muito pouco.
Nunca encomendei de supermercados online, mas um dia deu-me na loucura e mandei vir metade da Mango e afins. Coisas lindas que estão na gaveta à espera de ver a luz do dia.
Tanta videoconferência...céus....as pessoas falam tanto...
O máximo de dias que estive sem sair de casa foram uns 4 ou 5. Uma vez por semana ia ao supermercado.
Celebrei aniversários online, e jantares de amigos à distância.
Papo umas sériezitas, terminei uns livrinhos
Já saio para passeios mais longos e exercício ao ar livre, ver a família, cabeleireiro.
Não desinfeto compras. Não consigo. É põe máscara, luvas, lava mãos, não toca nos olhos, fica a morrer de comichão no nariz, não toca em coisa nenhuma, paro de respirar se alguém passa a meio metro de mim, rezo pela vida sempre que meto uma banana no saco ou abro a porta do prédio, descalço à entrada. Pá, ainda ir desinfetar cenas...não aguento. Matem-me já.
Jogo no respeito e bom senso.

 

31.12.19

Marraquexe

Teoria: o mundo divide-se entre aqueles que foram a Marraquexe e está bom, já viram a disrupção de culturas que pode existir no mundo, e os que negligenciam Marraquexe, porque está mesmo aqui ao lado em baixo e pode-se lá ir a qualquer momento e é coisa já muito vista/batida.

Eu estava semi integrada na 2ª hipótese.
Comecei com "voos mais altos" e tendo já ido à India e afins, Marrocos era para ir, assim "um dia destes".

Mas as viagens dos últimos anos não tinham aquela disrupção cultural que eu tanto aprecio. E comecei a ressacar. E a ressacar.
Este ano, pobrezinho, tão pobrezinho em viagens, foi ano de mudar o primeiro dígito do meu aniversário e achei que merecia qualquer coisa à medida das minhas ambições. Mas, vai que não havia oportunidade para ir passar 15 dias no outro lado do mundo e por isso, Marraquexe apareceu como a melhor solução.

Quem vai a Marrocos, normalmente vai uma semana e faz Marraquexe, deserto e outros destinos que tais, mas eu só tinha 4 dias e por isso, fechei só em Marraquexe.

Ai pessoas, e só tenho a dizer, que mal saí do aeroporto e vejo a primeira família de 5 toda metida numa motoreta, palpitou-me o coraçãozito de alegria histérica. Era mesmo disto que estava a precisar.

Como sabem (vocês, as duas pessoas que estão aí sentadas deprimidas em casa à espera da meia noite), estou a escrever de rajada o meu 2019 antes de acabar o ano, por isso alegrai-vos, Marraquexe vai sair todinho num só post!

Dia 1
Fui numa 5f e voltei no domingo. Voei pela TAP (que quase não se atrasou :) ).
Ir a Marraquexe é muito fixe porque o voo demora um tirinho e do aeroporto à cidade são dois passos. É mesmo muito acessível chegar a África desta maneira.
By the way...foi a primeira fez que pus pés em continente Africano. Quase que senti ali o cheirinho ds Big Five. Ou então era só uma tagine.

Como cheguei a meio da tarde, o tempo foi aproveitado para conhecer a Praça Djemaa el-Fna, o centro de Marraquexe. Quer dizer, o centro para quem está dentro da Medina. Fiquei alojada aqui e a pé são uns 3 minutos até à Praça.
Como é no final de tarde que o espaço ganha mais intensidade, chegámos com aquilo ao rubro. Ele é serpentes encantadas, ele é senhoras a quererem desenhar-nos henna, ele é barracos de sumos de laranja e romã, ele é bancas de tralha que ninguém imagina quem raio vao comprar aquela treta...desde as primeiras ruelas da Medina até à Praça leva-se logo um shot de adrenalina Marroquina que até se apita. Deambulámos, entrámos nas lojas iniciais dos souks e procurámos local para jantar.
Levava uma listinha de recomendações e queria ter ido jantar aqui, mas vai que estava super cheio (preço da fama) e acabámos no do lado direito, onde comi uma tagine bem boa e portanto não me desiludi.

Dia 2
It's My Birthday!!
Foi o único dia que choveu. Aahahahahhaha.
Mas tudo bem, nos meus anos invado-me de boa disposição e não foi uma chuvinha que me abateu ou impediu de seguir o plano.
Já agora, tenho a informar que em Marraquexe, em Novembro, faz um frio do catano. Ide agasalhados. Pode de repente pela hora de almoço pular aos 18º, mas preparem-se para uns 12º.
O dia começou a ir visitar o Palácio El Badi, e depois o Palácio da Bahia.
As coisas são relativamente perto, tudo se faz a pé. As entradas das coisas podem custar entre 4€ a 7€.
Almoçámos num restaurante que encontrámos pelo caminho (procurem restaurantes com terraço que são super fofinhos) e depois seguimos em direção aos túmulos Saadianos.
Ora bem, o Baldi não é não valha a pena, mas vá, são mais ruínas que outra coisa, o Bahia está bem giro e os túmulos...também tá giro...mas preparem-se para 45 minutos de fila para espreitar por uma portinha e ver os túmulos durante o tempo que conseguirem aguentar a pressão de quem está a seguir a vocês na fila e já algo impaciente.
Depois, depois tinha o ex libris do dia marcado para as 17h nos Les Bains de Marrakech. Ia levar uma granda banhoca seguida de massagem para ter um final de tarde bem relaxing.
Mas acontece que o único banho que levei foi um de água fria. Não tinham a minha reserva e também não tinham vagas. e também não tinham grande vontade em me ajudar.
O meu good mood de aniversário fugiu num ápice e a deceção apoderou-se da alma. Quis verter uma lágrima.
Voltei ao hotel mais deprimida que a Hillary em dia de eleições e enquanto escolhia o restaurante para jantar, lá percebemos que no Riad também havia SPA. Pois que se marque o SPA para o dia seguinte! Fechou-se uma porta e abriu-se uma janela. Poético.
Bom, à noite seguimos para o La Pallete. Fomos de táxi, é fora da Medina - há que negociar o táxi, mas eles de noite fazem uma tarifa mais alta. Creio que foram 7€.
Fora da Medina, basicamente parece que estamos numa cidade europeia e no restaurante então nem se fala. Desde a decoração, menu, staff e clientes, bem podia dizer que estava num qualquer restaurante de Lisboa. E comi uma carne de chorar!! Recomendo vivamente!

Dia 3
Este dia começava com um incursão a uma zona mais hard core, no bairro Bab Debbagh estão os curtumes. Já ia prevenida que são mais fraquinhos que os de Fez, mas incluí no roteiro. Aqui saímos fora de zona turística. Vê-se aqui ou ali uns quantos, a serem endrominados pelos marroquinhos, mas as ruas estão mais vazias e porcas. Não há perigo nenhum. E eu que lido bem com isto estava nas calmas, mas senhor minha companhia achou too much e atazanou-me o juízo, quase que a ordenar para bazarmos dali. Ainda assim espreitei dentro de um dos curtumes, sem aceder a visita que aí já sabia que ia ser assediada para pagar. Cheira mal, mas confesso que fosse pior e de facto não são nada de especial à vista.
Depois levei duas baldas, tinha no roteiro a visita à Madrassa Ben Youssef e à Kouba Almorávida, mas estavam ambas fechadas para obras. Como é tudo ali ao lado umas coisas das outras visitei logo o Museu de Marraquexe. Tinham-me dito que era um flop, mas até nem achei. Edíficio bonitinho e umas coisitas interessantes para ver.
O último tour do dia era visita ao Le Jardin Secret. É um jardim. Bonito, meio que oásis de tranquilidade no meio da loucura dos souks, mas nada de uau.
Aliás, saltando um pouco às conclusões, Marraquexe, daquilo que tem para visitar, não só é pouco como não é particularmente extraordinário. É uma cidade que se aprecia sim pela intensidade do ritmo dos souks, da praça, das ruelas e vendedores.
Almoçámos aqui. Um pouco carote para o que é, mas é uma cena trendy e tal.
O final de tarde foi aqui a comer uma laranja com canela, no terraço, a ver o por do sol, cor de rosa, no horizonte dos telhados marroquinos.
Dia de SPA. Que foi só a melhor coisinha que aconteceu! Então, no próprio Riad onde ficámos alojados, optámos por um banho hamam e uma massagem.
O banho é uma cena nunca antes vista. Entramos para uma mini divisão, tipo banho turco, onde uma rapariga nos dá banho. Mesmo. manda-nos baldes de água para cima, esfolia-nos a pele, passa sabonete, passa creme, volta a mandar baldes de água, lava cabelo. Epá que cena espetacular. A massagem também, mas isto do banho foi mesmo uma experiência diferente! Não sei bem o que perdi nos outros que tinha reservado para os meus anos, mas arrisco dizer que ainda bem que acabei por ir parar as estes. Brutal!
À noite procurámos este restaurante, que se à primeira se estranha e dá vontade de voltar para trás, depois entranha-se e a comida é bem boa!

Dia 4
É o último dia e a missão era "madrugar". No roteiro que tracei tinha a indicação de começar a manhã a visitar o Jardim Majorelle o mais cedo possível para evitar multidões. Estávamos lá às 9h e foi a melhor decisão de sempre porque tínhamos 2 pessoas à nossa frente e quando saímos a fila viraca o quarteirão.
Como já tinha dito, Marraquexe não tem nada de extraordinário para visitar, por isso, de repente estes jardins são uma cena espectacular. Faz umas boas fotos instagramáveis. Depois ainda visitámos o museu Yves Saint Laurent, que este sim, por alguma razão estranha, gostei imenso.
Posto isto, foi voltar de táxi à Medina e aproveitar as últimas duas horas para compras nos souks.
#soquenão porque vai que fui acompanhada de um freak das compras que decidiu passar 1h30 em duas lojas sem comprar coisa nenhuma. Antes de voar para o aeroporto só tive tempo de comprar uma sandálias enquanto esperava numa das lojas e à saída da Medina mandei-me a um sumo de romã. Espremido à minha frente e por isso, quase, seguro de ingerir.

Notas Finais
Vale a pena dar uns toques na língua francesa. Eu estava muito orgulhosa, percebi que falo mais francês do que pensava.
Transfers de e para aeroporto, por 11€ aqui - funciona tudo bem.
Levantar dinheiro no banco equivalente aos Paribas, não tem taxas. De resto usar Revolut.
Ter muita força e simplesmente ignorar as 54 mil abordagens que vão receber dos marroquinos. Eles não se chateiam e vocês poupam dinheiro e paciência.
Gostei muito de Marraquexe :)









































Aldeias de Xisto em 3 dias

Ora bem, então no mapa e olhando para a dispersão das aldeias, achei por bem escolher a zona da Lousã, porque me pareceu que dava para ver muita coisa em pouco tempo. Marquei kms no maps e tudo. Como ia com putos, planeei a coisa para que fosse passeio de manhã (aldeias, caminhadas, ar puro) e depois à tarde regresso ao alojamento e alapar na piscina.

Dia 1

Chegámos a meio de um domingo, instalámos e fomos conhecer a nossa aldeia: Gondramaz. Que é lindona, mas vê-se em 20 minutinhos muito intensos.
Diz que há um restaurante, mas nunca o apanhámos aberto e por isso, ficámos sujeitos à cafetaria, mas almoços e jantares estávamos pendurados. Portanto ou passávamos a vida a ir e vir da serra ou abastecíamos o frigorífico com umas coisitas. E assim fizemos, dois dos serões foram com comida em casa.
Gondramaz é lindona e compete mais diretamente com Talasnal, uma vez que são as mais habitadas e desenvolvidas. A ficar alojado em alguma das aldeias, seria uma destas.
Gondramaz visita-se rápido, nem é assim muito íngreme, por isso nem cansa. Está toda arranjadinha, tem um lavadouro very typical e à noite a iluminação dá-lhe o look medieval (que by the way, andava a ver o Game of Thrones por isso bateu certo). Até uma neblina cai sobre a aldeia, adensando o clima de mistério.


Dia 2

Arrancamos para desbravar as aldeias. Eu mais entusiasmada que os restantes, mas tudo bem.
No plano estava Talasnal e Cerdeira, mas vai que primeiro apareceu Casal Novo e eu mandei-me logo a 50 mil degraus a descer, que obviamente, não fui acompanhada pelos demais, e deu para regressar ao carro com os batimentos cardíacos ali a roçar nos 300 por minuto.

Daqui seguiu-se a aldeia Talasnal, que a bem dizer, elas são todas muito semelhantes na "arquitectura", mas depois umas estão mais turistadas que outras, e esta está mais turistada. Mais cuidada, com mais gente, com mais serviços.

Para último tínhamos Cerdeira, já andava tudo a bufar por todos os lados, foi uma visita rápida e regressámos à base, para aproveitar a piscina e o dolce fare niente no nosso barraco.

Dia 3
Então a ideia era fazer uma caminhada de 9km entre Comareira, Agra Nova, Agra Velha e Pena, mas.....
"ah, mas é tanto e está calor e mimimi, e vai-se de carro...e pronto não houve caminhada para ninguém. Fomos de carro a Comareira, passámos ao largo das Agras e Pena, que é nos confins, mais isolada que sei lá, foi o último ponto de paragem.
Na realidade não sei ao certo de se a caminhada é assim tão bonita de se fazer, mas enfim, para quem gosta...why not? levar água e boné.
Estas aldeias, e a de Pena sobretudo, deixam mesmo a pensar a grande tendência para a ermitagem que muita gente tem. É tudo tão isolado, longínquo, pouco acessível que dá que pensar, de todos os lugares do mundo para assentar arraiais, é mesmo ali que se optou por viver. Lindo. Mas não percebo.

Dia 4
Eu sei, o título diz 3 dias. Bom foram 3 noites e como são dois meios dias, dá os 3 ok?
No último dia, e porque quando fomos jantar ao Burgo, percebemos que ali na Praia Fluvial da N. Sra da Piedade havia um trilho de 6km, para me compensarem da não caminhada de 9km, a malta acedeu a fazer este percurso.
Dá para aproveitar a praia fluvial, mas apesar de não estar mau tempo, as temperaturas não estavam assim aquelas coisas...isso e porque a praia de manhã estava a abarrotar de colónias de férias. Mas a caminhada vale muito a pena, é bem bonita e só é pena ao fim de meio caminho desembocar no meio da Lousã, que, não desfazendo, mas prefiro a cena natureza.
Posto isto, já em modo regresso ainda "obriguei" a um desvio para ir ver a Fraga de S. Simão, que até agora, estou a aguar por não ter lá dado um mergulho. Vale muito a pena.

Parámos para almoçar em Tomar, ainda em modo pós Festa dos Tabuleiros.

A zona da Lousã pareceu-me ter muito potencial para explorar. Existem decerto recantos fora das citações online, que vale muito a pena perder uns dias na região a explorar. As aldeias não me dececionaram, antes pelo contrário, fico só com pena de não ter aproveitado mais caminhadas e mergulhos. Levem um carrinho jeitoso para estradas por vezes desafiantes!