10.8.18

Não neguem à partida uma vida de resort que desconhecem

Os puristas das viagens gostam muito de enxovalhar a malta que só gosta de resort, e a malta de resort gosta muito de insultar a malta da mochila às costas. É daquelas coisas que um nunca há-de perceber o outro (nunca dizer nunca, que pode sempre haver uns convertidos).
 Um porque entende que tudo o que é radical dá para ver no conforto do seu sofá em pele, a assistir ao National Geographic e o outro porque acha que ficar fechado num hotel, com tanto país profundo para conhecer, é só um desperdício de cultura e dinheiro.

E depois há os vendidos. EU. Marcha tudo.
Como rejeitar mar azul, cama king size e não ter que mexer uma palha? É que nem para esperar pela comida uma pessoa tem que se preocupar. Ela está lá sempre.
E como torcer o nariz a culturas loucas, vivências diferentes, comida surpreendente, cenários espectaculares?

Sim, sim...o meu coração bate mais por uma viagenzinha louca. Mas isto hoje não é para falar de viagens, é para falar de férias (também tenho o meu preconceito estereotipado e então?).

As férias de verão deste ano tiveram direito ao meu Algarve, mas antes passaram pela República Dominicana, Punta Cana, Melia Paradisus em 7 dias de puro ócio.

Não foi a primeira vez que fiz resort e também não foi a primeira vez que fui a Punta Cana. Já lá tinha estado no início de 2011 e soube que nem ginjas. Afinal, haverá sítio melhor para ir curtir uma fossa amorosa que o mar das Caraíbas? Dúvido. A Carrie Bradshaw que o diga.

Também já bati os costados no Brasil - viagem de finalistas, hip hip hurray; em Cuba- Havana é linda, no México e nas Maldivas - ahhh Maldivas.
Claro que as Maldivas são imbatíveis, mas as Caraíbas ganham na relação qualidade/preço e das experiências que tive, Punta Cana era a melhor, para quem não quer mesmo fazer mais nada. São os que têm melhores praias e hotéis.

E basicamente como é uma semaninha nesta vida complicada?

1º DIA
 - Temos as malas feitas, excítadissimos por as férias irem começar. Vamos para o aeroporto 200h antes, porque como é bagagem de porão já se adivinham as filas. E confere, muita horinha passada no aeroporto em filas que nunca mais acabam.
 - Finalmente instalados no avião charter, que nem sardinhas em lata (fui na Orbest) e depois de 400 famílias a discutirem porque a companhia - o aeroporto - as hospedeiras de terra - o sistema - o piloto - ou a senhora da limpeza - ou lá quem quer que seja- mas que deve ser despedido - decidiu trocar os lugares, o que resultou em irem famílias inteiras separadas - o voo lá arranca.
- começa a berraria dos mainovos. Aqueles que nem pagam bilhete e vão ao colo de suas mães ou aqueles que pagam meio bilhete, porque temos que compreender que aquela família não sabe o que é descanso vai para 2 anos e apesar de já não poderem ver o puto à frente, decidem que para Punta Cana é que é e têm que ir todos porque não conseguem deixar a criança. Ainda que o puto vá sofrer horrores dentro do avião 7h ou 8h e nunca na vida se vá lembrar que lá esteve.
Podiam ir de carro até à Isla Cristina onde também há piscinas? Podiam. Mas depois como é infernizávam a criança e os restantes passageiros do avião?
Mas não se apoquentem que depois de chegados lá, criança e demais passageiros esquecem tudo e adoram tudo e prometem voltar todos os anos.
- Lá vem o almocinho para começar a entreter o pessoal e eu esganada de fome opto pelo prato de massa com o objectivo de me saciar mais. Diz que era ravioli de espinafres. Não disseram é que eram prái 5 raviolis. Com um mini bola de pão seco e um pudim manhoso. Fome, muita fome. Valeu-me o meu ar de cachorrinho abandonado e a assistente de bordo fofinha e compreensiva que me disse "eu já lhe levo mais uma dose".
- E...chegamos à República Dominicana!
Não sem antes preencher um papel com letras minúsculas com dados que nunca ninguém vai ler para qualquer coisa lá deles a ver com imigração. Ou emigração. Olhem nem sei o que era aquilo. Desconfio que eles também não.
- Muita atenção: vão aparecer uns dominicanos muito prestáveis a querer levar a v/ bagagem até ao bus...se estiverem numa de começar a largar gorja, aproveitem. Se são fiéis ao espírito tuga, é fugir desta malta a sete pés. Invistam numa mala com rodinhas que vão muito bem.
- Ahhh conseguiram ser os primeiros a sair do avião, furaram a fila toda de entrada no aeroporto, bateram logo com os olhos no shuttle que vos vai levar às merecidas férias. Hurray. Agora só têm de esperar pelas outras 4 famílias que vão no mesmo shuttle mas que devem ter ficado mais para o fim da filinha...
- E com isto, já está tudo pegajoso destes 30º absolutamente húmidos e as calças de ganga que trouxemos de Portugal, mais os ténis, não são assim o ideal para nos pormos ao fresco. Fora isso já estamos ali pelas 22h30 portuguesas, 17h Dominicanas. Começa a bater o cansaço, assim levezinho.
- Lá vamos de carripana Punta Cana afora, naquele estilo de condução Latino Caribenho - aka salve-se quem puder - ainda assim muito fraquinhos comparados com umas motitas vietnamitas.
-4 resorts depois - é óbvio que o nosso será sempre o último só para chatear - chegamos!
- Check in - mostra identificação, mostra identidade, mete pulseira, 34 explicações não sei do quê, vai para a entrada esperar o combóio - sim que os quartos são longe, se forem perto é porque vos saiu uma zona cocó. Pagassem mais.
- Chegada ao quarto. Já são praí 1h da manhã portuguesa, já ninguém quer falar com ninguém...mas ainda temos de ir ali ao buffet jantar.
- Ahhhh buffettttt....e este bafo calorentooooo....e as crianças com as cabeças tombadas sobre a mesa mas ainda com força para se mandarem às sobremesas.
- 22h Dominicanas e está tudo a roncar na cama e a tentar manter a onda zen, porque amanhã é que vai ser, isto hoje foi só um pesadelo necessário.

2º DIA
4h30 da manhã dominicanas - os portugueses acordam...alvorada!!

(...to be continued)





Sem comentários:

Enviar um comentário