Acordámos na nossa casa no meio de nenhures e ao olhar pela janela o cenário era de postal. A neve tinha caído toda a noite e os caminhos ainda não tinham sido tocados, por isso tudo parecia uma gigante almofada fofa a dizer "salta já para cima de mim". E eu teria feito...mas a pateta aqui era só eu e depois não me podia queixar à vontade de que estava toda molhada com frio sem ouvir um "pois, não sei para que foi isso, avisei-te".
É impressionante o silêncio no exterior. Fiz o teste e estava mais barulho dentro de casa (os aquecimentos e tal) do que na rua. Não corria uma aragem e o silêncio era abafador.
É impressionante o silêncio no exterior. Fiz o teste e estava mais barulho dentro de casa (os aquecimentos e tal) do que na rua. Não corria uma aragem e o silêncio era abafador.
Limpámos o carro da neve fofa e seguimos viagem directos para ir ver a Detifoss. No plano inicial deviamos ter feito um desvio de 35km para ir ver a queda de água Henguifoss e Litlanesfoss mas com o trauma com que estávamos do dia anterior, com receio de perdermos muitas horas num simples trajecto, fomos directos à queda de água com o maior caudal.
Se a viagem do dia antes foi um episódio aterrador, a neve no dia de hoje faz-me pensar que "ainda bem que está coberto de neve". As tempestades tinham passado, a estrada estava óptima e o percurso foi todo feito por um cenário absolutamente incrível. Apenas a estrada negra cortava a planície branca interminável e às vezes sem se perceber muito bem onde acabava o céu e começava a terra. Era tudo branco imaculado. Mais parecia que circulávamos no círculo polar ártico onde eu só estava à espera quando apareciam ursos polares ou trenós puxados por huskies.
Não apareceram ursos polares mas apareceram ursos parvos. Parámos literalmente no meio de nenhures, não havia carros, casas, barracões, nadinha à vista. Mas havia uma pequena reentrância na estrada e aproveitámos para parar e tirar umas fotos. Nem 5 minutos depois...passa um carro lá ao longe com um casal e decide entrar também ali. Como é que é possível senhores???? Nós estamos no fim do mundo e não se consegue privacidade! O par de "ursos" vinha muito enamorado e não tardou em fazerem bonecos de neve e chafurdarem no chão nuns amassos de fazer vergonha às ursas com o cio.
Deixámos os ursos apaixonados e seguimos a estrada 1, onde existem placas a indicar a Detifoss. Após estacionar há um percurso de cerca de 1km até lá chegar. No nosso caso foi todo pela neve, com cuidado para não cair no gelo. Não fomos à Selfoss, uma menor amostra de queda de água mas que implicava mais 1,2km (ir e vir) num percurso muito frio.
Daqui seguimos para Krafla, e a sua cratera vulcânica. Entramos na zona do lago Myvatn e uma das mais interessantes da Islândia. Para chegar à cratera estava um manto branco pela frente, difícil de transitar e até demos boleia a um casal de espanhóis que iam a pé por não conseguirem lá chegar com o seu carro (é aqui que se vê que dá jeito ter um 4x4). Mas se no percurso a paisagem ganhou com a neve, aqui perdeu porque...não conseguimos ver como deve ser toda esta zona vulcânica. Vê-se a cratera mas é um caldeirão branco cheio de sopa branca.
Descemos, não sem antes parar para lavar as mãos em água quente num chuveiro ali perdido no meio do nada. Seguimos para Hverir, uma espécie de furnas com uma área de libertação de gases de enxofre onde mais uma vez podemos ter a percepção do rebuliço que se passa debaixo dos nossos pés, supostamente bem assentes na terra.
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