26.11.12

Paris - Jour 3

É verdade que este meu método de varrer cidades em poucos dias e deixar muito pouco que ver, tem as suas consequências.
Ao 3º dia tudo me dói e basicamente já me arrasto nos passeios e visitas planeados para o dia.
Mas o que fazer? Eu juro que gostava de passar uma tarde num café parisiense a ver a fauna a passar, a beber um chocolate quente e a comer croissants. Eu queria, e quero. Mas nesta primeira visita não tenho tempo para isso. Custar-me-ia mais voltar a Portugal e ouvir: então e não foste ao Sacre Coeur?? e Não foste ver o museu Orsay??
Pois mesmo nestas visitas incessantes ainda houve muita coisa que falhou e ia pesar-me na consciência deixar ainda mais.
Efeitos colaterais: os meus pés gritam: por favor trata de nos amputar! As minhas costas resmungam: já te sentavas não!?!?
Mas nem tudo estava mal, neste dia a temperatura deu algumas tréguas e até consegui andar sem gorro!
O plano para hoje era de manhã ir ao Sacre Coeur, vaguear por Montmartre (para mim a parte mais ansiada de Paris), almoçar por ali, arrancar para o cemitério Père Lachaise e ainda a meio da tarde enfiar-me dentro de um museu ou algo do género.
A primeira paragem foi no Moulin Rouge. Para ver de fora pois claro, e à luz do dia que também perde alguma graça. O espéctaculo diz que é bonito, mas o preço não o é e por isso não fiz questão de ir. O que eu não sabia (talvez por ter ido sem qualquer guia da cidade) é que ali a zona à volta é toda ela uma rambóia pegada.
Pigalle é zona que tem sex shops porta sim porta não. As que são porta não, são lojas de show erótico. Que ali pelas 10h já estão a bombar e quem quiser entrar pode sempre espreitar um pipi ao vivo e não só.
Ainda cirandei num par de lojas, que isto é sempre cultura geral e uma pessoa tem de se manter actualizada sobre estes acessórios não vá ser apanhada numa conversa esquisita em que fica com o rótulo da púdica.
Adiante, vá de subir até encontrar o Sacre Coeur. No meu estado fisico lastimável é óbvio que apanhei o funicular até ao topo, onde finalmente me pude deliciar com a vista da cidade. Cinzentinho (telhados e céu) mas ainda assim, bem bonita e enquadrada com uma musica de harpa de um senhor que entretinha os turistas. Bonito.
Entrei no Sacre Coeur por dois motivos: é grátis e dá para sentar a descansar um bocado. E mesmo com muita gente no interior, estes espaços têm sempre algo de pacífico e apaziguador.
A descida já fiz pelo meu pé nas escadarias. Estava na hora de ir procurar os famosos pintores de Montmartre a zona artistica da cidade.
No fim da escadaria estava um carrossel daqueles das histórias de encantar e pedi para ir vê-lo mais de perto.
Já me tinha soado ao ouvido que ia ter uma surpresa neste dia, mas estava longe de sonhar que sentadinhos num banquinho de jardim ao lado do carrossel iam estar um casal dos meus melhores amigos à minha espera!
Pessoal com facilidades no mundo da aviação, acharam por bem vir ter connosco e asinalar a minha viagem de aniversário. Histerismo, alegria e surpresa e avançamos os quatro à descoberta dos pintores e do restaurante para o almoço. Hoje sentado, nas calmas para por conversa em dia.
Boa surpresa.
O almoço foi tão calmo que quando olho para o relógio são 16h. Começava a ficar apertado para ir ao cemitério, pelo que voámos dali para fora a tentar chegar a horas decentes e diurnas ao cemitério. A contra gosto do empregado que perante a insistência para trazer a conta, remata com um (não) simpático "vai ter de aprender a esperar. Mas não é só aqui, é em toda a sua vida, tem de aprender a esperar". Pois claro.
Montmarte abaixo, metro e saímos à porta do cemitério às 16h50, diz na placa que fecha às 17h30.
"Correeeeeee!!!!".
A ideia principal era ir visitar a campa de Jim Morrisson, mas também outros famosos estão por lá, como Oscar Wild e Edith Piaf. Só que demorámos tanto tempo a encontrar a escondida, minúscula e refundida campa do vocalista dos The Doors, que foi só mesmo isso que vimos.
No entanto, recordo com carinho a caminhada pelo cemitério, com o cair do dia meio enevoado e sairmos de lá já de noite. Porque é o sonho de uma vida, estar metida num cemitério à noite.
São 17h30, é de noite, estamos à porta do cemitério e já não vai dar para irmos ver nenhum museu.
Lembro-me que ainda não vi a torre iluminada.
E foi o meu momento iluminado, porque se quando a vi na 5f não sucumbi à sua beleza...à noite a coisa tomou outra dimensão. A iluminação da Torre Eiffel dá-lhe o toque romântico, especial e soberbo que eu já tinha ouvido falar.
Ainda não é desta que subimos (vai mesmo ficar para uma próxima vez) e daqui apanhamos o combóio para ir à procura de um restaurante na Île St Louis. O restaurante vinha recomendado de Lisboa, mas chegando lá a coisa mudou porque o próprio conceito do restaurante tinha mudado e vai que estava acima das nossas possibilidades. Metros à frente havia um restaurante italiano que serviu para o efeito.
A minha ideia para hoje era ir sair. Sábado à noite e com a emoção de ter os amigos por perto quase que me passou o cansaço. Tinha ouvido falar do Kong, restaurante onde a Carrie do Sexo e a Cidade almoçou, mas li que à noite vira bar. Fomos até lá. Mas só fomos até lá. Porque à porta, olhando para a entrada e seus potenciais clientes e depois olhando para as nossas camisolas de lã, largas, botas matarruanas e depois olhando para os saltos vertiginosos lá à porta, achámos por bem não entrar.
Voltámos para a rua Buci, bem animada e ficámos o resto da noite à conversa e a beber um copo.


 
 Rua das rambóias

Funicular

Vista do Sacre Coeur


A escadaria que me ia levar ao carrossel surpresa

Montmartre

Artistas
 




A campa




Parede do bar





 

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